A gata cinza
- Silvia Maritani
- 14 de jun. de 2020
- 3 min de leitura
No domingo não existe nada melhor do que tomar um café com leite e comer um pãozinho francês - média, como é falado em Santos ou pão de trigo como é falado aqui -, por isso logo que acordei coloquei uma roupa a prova de frio para ir até a padaria, que fica em frente ao condomínio onde moro.
Antes de conseguir sair de casa, fui solicitada pela minha gatinha Mia. Ela mia muito, decidimos o nome antes de saber sobre isso. Enfim, ela foi até a janela da salinha e ficou parada junto a janela, miando e batendo com a patinha no vidro. Ela é muito bebê pra ficar com a janela aberta e de qualquer forma, independente da idade dela, nós não instalamos telas, então é perigoso demais, na minha opinião, por isso a pego no colo, abro totalmente a janela e fico ali, até cansar, com ela cheirando o ar fresco da manhã e olhando todos os passarinhos; nunca incentivamos a caça, porém acho que isso já veio de fábrica.
Finalmente consegui sair de casa, e quando estava lá embaixo olhei para a janela e a Mia não estava lá, tudo bem. Ao olhar para frente, em direção a entrada do condomínio, a vista é decorada por uma montanha e todas as suas árvores. O vento vindo de lá corta e assovia. Próximo ao portão de saída há um jardim lateral com uma árvore bem no meio e lá eu avistei um bicho cinza. À primeira vista parecia um Sarue, porém achei estranho ter um por ali, naquele frio e, ao ajustar meu olhar, vi que era uma gata cinza, a coisa mais linda. Chamei: “psipsispis”; A resposta: “Miaaaaaauuuuu”; Chamei novamente e ela fez uma leve movimentação em minha direção, porém no meio do caminho se distraiu com algum cheiro e ficou por lá, embaixo da árvore, cheirando todos os matinhos. Eu esperei um pouco, fiquei observando ela e tive a impressão de que ela estava esperando filhotinhos. Fiquei ali olhando até que ela saísse da minha visão, indo para trás do primeiro predinho. O impulso foi de segui-la, porém decidi que primeiro iria na padaria.
Quando voltei, pensei e repensei sobre ir atrás daquela gata cinza. Ela era tão linda, o pelo mesclado entre cinza e branco, o porte grande, não ficaria infeliz com ela em casa e mais dez filhotinhos pra cuidar, além da Mia.
No meio do caminho fui desperta do sonho pela minha vizinha, que além disso é funcionária do prédio. Comentei sobre a gata, pra descobrir se ela tinha abrigo por ser de algum apartamento ali do primeiro prédio.
- Parecia muito que ela estava esperando filhotinhos.
- Ah, pode ser gordura também.
- É verdade, não dá pra saber, né?
Quando chegamos perto do nosso bloco, olhei para a minha janela e lá estava a Mia, minha filhotinha que vale por dez, esperando para solicitar qualquer coisa. Os gatos têm sido objeto de curiosidade pra mim e acabei de lembrar que tenho que pesquisar no google o porquê de terem apenas quatro dedinhos nas patas de trás. Além disso, gostaria de poder diferenciar gestação de gordura. Também, apenas presumo que ela era fêmea, mas então me sobra bem pouco sobre o que é e o que não é, que nesse caso, não faz diferença.
Os felinos têm um acúmulo de pele na barriga chamada "bolsa primordial", ela serve para diversas coisas como: proteção dos órgãos internos e equilíbrio. De fato é difícil saber se a gata em questão estava grávida, era obesa ou simplesmente tinha uma bolsa primordial bem desenvolvida. Eu até pensei que era a própria Mia que havia fugido, já que você olhou a janela lá de baixo e não a avistou.