As Aventuras de Raul na Cidade de Thor – Parte 1
- Eduardo Brum
- 23 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 31 de mai. de 2020
A noite anterior havia sido turbulenta, dois shows seguidos em bares da região. Monta palco, ajeita afinação, prepara o ambiente, desmonta tudo, corre para outro local e refaz tudo de novo. Agora sabe como é né, eu sou meio maluco, em meio a esses processos tem alguns pileques e cigarrão na beiça. Lembro-me de olhar o relógio quando sai de minha última apresentação, era por volta das 2 da madrugada.
Isso é comum na vida de um rock star, porém encontro-me acordado as 9 horas da manhã, maldita insônia, ela me incomoda, agora o pior é esse telefone que não para de tocar.
- Alô...
- Ei Raul, você viu ontem enquanto você fazia sua segunda apresentação?
- Se eu prestava atenção em você? Paulo, você só pode estar maluco, depois do quarto copo eu já não via mais nada, era só performance no palco!
- Porra, você precisa parar com essas loucuras!
- Hahahahahaha, escutar uma parada dessas vindo de você, isso sim só pode ser loucura!
- Enfim, meu caro Raulzito, conheci uma menina, pareceu ser gente boa, sei que você não gosta dessas paradas de magia, porém ela me falou sobre algo que não conhecia.
- E isso é motivos pra você me ligar 9 horas da manhã?
- Claro que não, o problema aqui é que eu tive um sonho, e você sabe que sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só!
- Desembucha Paulete. – tive que acelerar, ele gosta de falar, eu odeio telefones.
- Então é isso, se ajeita, estou passando aí pra te buscar.
Hoje é segunda feira e decretamos feriado, só pode ser. Eu não acredito em nada dessas coisas que ele acredita, porém sou um amante da loucura, vamos ver o que o Paulo tem para hoje.
Saímos lado a lado, lá na esquina da Augusta, quando cruza com a Ouvidor, não é que eu vi a moça que ele tinha dito?
- @*#@ $@# *&#@%# @ *$#*@#* - Disse a senhorita.
- Eita porra, que eu entendi foi nada – Raul abismado.
- Isso é uma linguagem muito antiga, é Liromeltico Centovardes – enfatiza Paulo.
Nesse momento vejo um portal se abrindo, a esquina que estávamos e um lugar completamente desconhecido do outro lado.
- Vamos entrar nisso aí, Paulete?
- Meu caro Dom Raulzito, você entrou quando saiu de casa!
Eu falava Liromeltico Paleovardes , que era a lingua que nós usávamos antes do dilúvio. Depois veio aquele aguaceiro todo e cada qual foi pro seu lado de barquinho, o pessoal acabou se dispersando pelo mundo. Depois que a água abaixou, só fui encontrar outras pessoas após uns dois mil anos, e eles já falavam o Liromeltico Centovardes. O Paleovardes está para o Centovardes, assim como o Latim está para o Português. Eu tive que me adaptar e aprender a versão mais nova, só que eu reparei que a cada dois mil anos mais ou menos as línguas mudam tanto que acabam se transformando em outras, então é uma adaptação constante. O próprio Liromeltico Centovardes já não é mais usad…