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Pensadores e Pensamentos

  • O Anacrônico
  • 18 de mai. de 2020
  • 3 min de leitura

Outro dia eu ouvi um jornalista ao apresentar dois filósofos em seu telejornal diário, dizer que eles eram duas das mentes mais pensantes do Brasil. Em um primeiro momento até concordei, pois respeito muito tais filósofos. Mas após um tempo essa frase não saiu da minha cabeça, de alguma forma a minha antecipada concordância se tornou completamente injusta com todos os outros compatriotas. Ora, se somos todos humanos, é evidente que temos as mesmas capacidades intelectuais, a não ser que haja alguma má formação cerebral, o que comprometeria de forma irreversível as capacidades cognitivas e locomotivas do indivíduo. Ao afirmar que aquelas duas mentes tem a capacidade de pensar mais do que as outras, o jornalista abriu a possibilidade de mensurar as imaginações alheias. Pensamentos e imaginação, sonhos e pesadelos, amor e ódio, felicidade e tristeza. Tudo isso está unicamente na mente das pessoas, acontecendo a todo instante no cérebro através de estímulos elétricos. Ninguém pensa mais, ou imagina melhor que os outros, o fluxo de informações é o mesmo, repito, claro que se não houver nenhum dano cerebral irreparável. O que acontece é que cada ser humano está pensando em coisas diferentes, e se esses dois filósofos, que por sinal ainda respeito muito, chegaram a esse status de grandes pensadores, é por que a cultura a qual eles estavam inseridos, da macro a micro, possibilitou que a profissão deles fosse exclusivamente pensar, e exteriorizar esses pensamentos de forma que a sociedade se beneficie com o aprendizado. Por outro lado, um cortador de cana, que não teve as mesmas condições sócio-econômicas que a maioria dos grande pensadores tiveram, não deixa de pensar um segundo sequer. A diferença entre um cortador de cana e um filósofo, está no que eles pensam e nas oportunidades que cada um teve no passado para estarem onde estão e saberem o que sabem. Costumamos ter a falsa impressão que pessoas ricas e bem vestidas assimilam melhor as informações e acumulam mais conhecimentos que as pessoas menos abastadas, porém na prática não é bem assim. Todo conhecimento é importante, por mais que não seja supra estimado socialmente. Pois veja, filosofia só é importante para quem gosta ou entende de filosofia, para o resto da população não passa de uma disciplina sem uso prático, porém, a profissão filósofo é bem vista e respeitada pelas elites. Ao mesmo tempo que a profissão pedreiro, que tem um conhecimento técnico muito mais usual e necessário para a maioria das pessoas, não é tão bem avaliado socialmente e é tida como de pouco trato intelectual. Veja, as duas profissões são importantes, cada uma no seu segmento, não é por que os jovens das classes média e alta não sonham em ser pedreiros que é uma profissão mal remunerada, muitas vezes um pedreiro pode ter rendimentos mensais maiores que um filósofo, um advogado ou um ator iniciante, só é uma profissão menos glamourosa. Devo dizer que todos nós somos seres pensantes e criativos, pensamos a todo momento, mas nem todos nós seremos reconhecidos e lembrados por isso, pelo contrário, alguns de nós serão lembrados até mesmo como irracionais e ignorantes. O importante é perceber que todos somos iguais em capacidades, independentemente de profissão e status social. Pensando em coisas sofisticadas ou em coisas rústicas, lendo filosofia clássica ou "A Turma da Mônica", contemplando arte moderna em NY ou a natureza do sertão. Juntos formamos um único organismo chamado sociedade e dentro dela somos peças singulares na formação desse imenso quebra cabeça. Cada um com sua forma de ver e viver a vida e contribuindo como pode para a existência e a evolução da humanidade como espécie.

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